Ninguém vai tirar o povo carioca da rua no Carnaval


Bloco da Harmonia
comemora 1 ano
com Slam, discursos
de resistência e
Roda pra Oxóssi

Apesar da conjuntura extremamente adversa no país, o Bloco da Harmonia não se curvou e comemorou, no dia 20 de janeiro, um ano de existência com cultura, informação, política, samba e homenagem a São Sebastião e a Oxóssi.


O dia comemorativo começou com um angu à baiana servido aos foliões junto com a primeira atração. Trata-se do Slam Praça Preta (batalha de poesias) que emocionou o público. Os poetas versaram sobre feminicídio, machismo, racismo, homofobia, intolerância religiosa, e todo tipo de preconceito. Estiveram na batalha”, os poetas Taiane Ribeiro (Moto Tai), Matheus Cotta, Pandora, Erick CK e Falcão, além de Pack Bruno e Samantha Su (organizadores do coletivo).


Matheus Cotta
Taiane Ribeiro (Moto Tai)
Mais Slam Praça Preta:
Pandora
Falcão
Erick CK

Luís Otávio, do Cordão do Boi Tolo, que esteve presente à festa se declarou um fã do Praça Preta. “Nossa cultura tem que estar na praça o tempo todo. Temos que lembrar: o que é contra nossa existência, nós temos que ser resistência”, disse.


“Vim para dar um grande abraço

nesse bloco maravilhoso que

está fazendo um ano”

Luís Otávio, Boi Tolo


Após a batalha poética, o ‘microfone estava aberto’ para falas sobre a atual situação do Brasil. E o primeiro a falar foi Luís Otavio, que traçou um panorama do Carnaval desse ano.




Segundo ele, o direito a reunião e a nossa cultura é garantido independente de licença ou censura. “Povo folião carioca, vamos para rua fazer a nossa festa independente de qualquer coisa! Ninguém vai tirar o povo da rua no Carnaval! Não vamos nos curvar!

Luis Otávio e Heitor Cesar

Depois quem pediu a palavra foi o professor e historiador Heitor Cesar, candidato a deputado estadual nas últimas eleições pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB). Ele apresentou um cenário do país, de extrema dificuldade para o trabalhador brasileiro; falou sobre a atual situação do Estado do Rio de Janeiro; da liberdade de expressão e da opressão que tentam impor ao povo brasileiro. Sem esquecer da Escola Sem Partido.
Segundo Heitor Cesar, o que unificou todos no dia do Bloco da Harmonia foi o samba. “Sou professor de filosofia e de história. Duas profissões extremamente perigosas nessa conjuntura. Sou devoto de Paulo Freire e Darcy Ribeiro. Dois também perigosos nessa conjuntura. Tenho até liquidificador em casa. Além disso, também sou comunista. Sou praticamente um indivíduo proibido de trafegar nas ruas. Porém, não serão eles que dirão quem pode ou não trafegar nas ruas. Nesse momento mais do que nunca é necessário apresentarmos que é possível construir alguma coisa diferente. E a nossa Harmonia é construída no samba, na poesia e na resistência".


O historiador também não esqueceu a Cultura e os trabalhadores do Brasil, enaltecendo-os:
- Para defender os interesses dos trabalhadores que estão sendo sucateados, amordaçados, vilipendiados e atacados cotidianamente, mais do que nunca precisamos da cultura. A cultura é algo que nos unifica nesse momento tão tenebroso.
Para Heitor Cesar, nesse momento querem privatizar “nossa vida”, a saúde, educação, enfim, tudo. "Não vamos aceitar isso. Estaremos nas ruas ocupando as praças, como a Praça da Harmonia, que sempre foi ocupada pelo Prata Preta, pelo Bloco da Harmonia, por diversos outros movimentos culturais. A praça é nossa e por ser nossa estaremos aqui pro que der e vier. Quem quiser calar a nossa boca, que tente calar. Porque estaremos nas ruas falando, cantando, sambando e mostrando que é possível construir um Rio de Janeiro, um Brasil diferente para o trabalhador, para as mulheres, para os negros que sofrem todas as opressões do cotidiano."
Após as falas, houve distribuição de panfletos antifacistas e de livros sobre o golpe de 64 e a ditadura militar e ainda CDs do compositor Altair Barbosa, que participou da Roda Prá Oxóssi.




Roda Pra Oxóssi


Para finalizar o evento, uma grande roda de samba a céu aberto animou ainda mais o ambiente, no domingo. O grupo formado por Miguelzinho Bezerra, na voz; Giovane Nobre, no cavaco; Altair Barbosa, no pandeiro e voz; Renan Sardinha, no violão; e Cesar Diniz, no surdo deram o tom homenageando o orixá do dia (click no link para ouvir): “Eu vi chover, eu vi relampear...Mas mesmo assim o céu estava azul. Samborê, pemba, é folha de jurema Oxóssi reina de Norte a Sul...”

Diretoria: Bruno Muller, Orlando Rey, Claudia Élida & Aislan Loyola

Para a diretoria, o dia foi arrebatador. Foi dia de São Sebastião, Dia de Oxóssi! Okê Arô!

Crédito: Pack Bruno



Para ver as fotos do evento click na logo do bloco:

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